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"Das promessas de Passos Coelho aos dias de hoje há uma distância colossal"
O deputado João Semedo do Bloco de Esquerda criticou, nesta quinta feita numa declaração política na Assembleia da República, as nomeações de administradores da CGD, EDP e Águas de Portugal, considerando que "colocam em causa a confiança dos cidadãos na política" e "enfraquecem a democracia".
"O que é que têm em comum a Caixa Geral de Depósitos (CGD), EDP, Hospitais do SNS, os Centros Regionais da Segurança Social ou as Águas de Portugal? São empresas ou organismos públicos que descobriram a nova lei da economia nacional: Todos os administradores e economistas competentes no país, aparentemente, têm o cartão de militante do PSD ou CDS", ironizou João Semedo.
O deputado citou as nomeações para a CGD de Nogueira Leite e de Rui Machete, apontando como "caso mais emblemático o da EDP", com as nomeações de Eduardo Catroga, Celeste Cardona, Teixeira Pinto, Rocha Vieira e Braga de Macedo. "Isto não é a EDP, é a comissão de honra das campanhas do PSD e CDS", sublinhou.
Semedo considerou ainda que este "desvio colossal" coloca em causa "a confiança dos cidadãos na política e enfraquece a democracia".
"Onde, na campanha e no programa de Governo, se falava em ‘despartidarizar o aparelho de Estado', acabamos agora na mais completa confusão entre Estado e partido e na já habitual promiscuidade entre interesse público e negócios privados. É uma coincidência, todos sabemos, mas uma coincidência que, pela prática política que revela, merece debate público", frisou o deputado do Bloco.
Posteriormente e aproveitando uma conferência promovida pelo “Diário de Notícias”, Passos Coelho justificou as nomeações do Governo, referindo que o Governo PSD/CDS extinguiu cerca de 1.700 lugares dirigentes na Administração Pública e reconduziu 80 por cento dos dirigentes superiores, concluindo: “O que significa, portanto, que nomeámos para cargos dirigentes superiores 20 por cento dos cargos que permaneceram".
Apesar da onda de nomeações de dirigentes e ex-dirigentes do PSD e do CDS para altos cargos altamente remunerados, o primeiro-ministro afirmou ainda que tem sido coerente com a sua promessa de libertar o Estado do "amiguismo" e das "clientelas" e queixou-se: "Julgo que não é crime ser militante de um partido”.
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