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“A crítica consequente ao governo tem sido a crítica da esquerda”

Num jantar-comício na Baixa da Banheira, Catarina Martins fez um balanço dos dois anos da atual maioria parlamentar e defendeu que o atual governo só pode ser criticado por não se ter afastado o suficiente das políticas da direita.
Jantar-comício do Bloco no Clube União Banheirense "O Chiquilho". Foto esquerda.net

O Bloco organizou este sábado um jantar/comício na Baixa da Banheira, no concelho da Moita, onde voltou a eleger um vereador nas eleições autárquicas. Catarina Martins lembrou a passagem dos dois anos desde o dia em que a maioria parlamentar de esquerda chumbou o programa de governo de Passos Coelho e Paulo Portas. E recuou mais umas semanas para falar da primeira medida enunciada no debate televisivo com António Costa como condição para um eventual acordo. “Ela é hoje a medida mais significativa do próximo Orçamento do Estado: o descongelamento das pensões”.

“A direita tinha prometido a Bruxelas que ia cortar 600 milhões de euros por ano nas pensões e o PS inscrevia no seu programa cortar 250 milhões a cada ano que passasse nas pensões”, recordou Catarina. “Neste Orçamento para 2018, todos os pensionistas sabem que vão ter aumentos de pensões em janeiro de 2018. São mais de 600 milhões em aumento de pensões, 80% dos pensionistas da CGA e 90% dos pensionistas do regime geral terão aumentos reais, acima da inflação”, sublinhou Catarina.

“O que provámos nestes dois anos é que foi a recuperar salários e pensões que a economia começou a crescer”, resumiu a coordenadora do Bloco, elencando em seguida várias conquistas sociais para as quais o Bloco deu o seu contributo, como o aumento do salário mínimo, a tarifa social automática da energia, o travão às privatizações ou a reposição dos cortes da troika e do PSD/CDS.

“Não foram dois anos fáceis: lembramo-nos as ameaças de sanções da União Europeia”, prosseguiu Catarina, concluindo que “passados dois anos, quem vive neste país sabe que há uma absoluta diferença entre continuar a empobrecer ou parar o empobrecimento”. E destacou em particular os pensionistas e as pessoas em situação mais vulneráveis que votaram na direita por não acreditarem que se podia afrontar os interesses poderosos e agora sabem que foram enganadas pela propaganda de que não havia alternativas.

“Depois dos anos de destruição da direita, é preciso fazer investimento a sério. E para isso é preciso fazer uma escolha entre Bruxelas e o país, que o PS nunca soube fazer”, alertou a coordenadora do Bloco, chamando a atenção para a urgência da renegociação da dívida pública do país para proteger a economia de futuras crises financeiras internacionais.

“O que corre mal não é por o governo não seguir a política da direita, mas sim por não se ter afastado o suficiente da política da direita”

Catarina Martins referiu-se ainda às críticas da direita ao governo. “O que a direita se esquece de dizer é que o que corre mal não é por o governo não seguir a política da direita, mas sim por não se ter afastado o suficiente da política da direita”, afirmou, referindo-se à falta de investimento na Saúde ou no investimento para contrariar o abandono do território.

“Para proteger o país, o que nos falta não é o que a direita propõe, porque não propõe nada. O que falta é coragem ao governo para se afastar de forma mais determinante do caminho que a direita trilhou e apostar a sério nos serviços públicos e na capacidade do país de responder aos seus”, defendeu Catarina.

“A crítica consequente é a crítica da esquerda, e é a força da esquerda que pode permitir soluções mais exigentes que vão para lá do que fizemos nestes dois anos”, concluiu.

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