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Corais vítimas de sobrepesca e poluição agravadas pelo aquecimento dos oceanos

Estudo conclui que recifes de corais estão em declínio em todo o mundo devido a uma combinação de fatores (sobrepesca, poluição de nutrientes e doenças) que se tornam mortíferos quando combinados com temperaturas elevadas da água.
Coral que sofreu bleaching (em primeiro plano) e uma colónia normal (no fundo), nas ilhas de Keppel, Grande Barreira do Coral. Foto da Wikipedia.

Um estudo publicado esta semana na revista científica Nature Communications, baseado numa das mais longas e maiores experiências com corais, sugere que a difusão das suas mortes observadas nas últimas décadas é causada por uma combinação de fatores de stress locais e aquecimento global. Esta combinação de forças enfraquece os corais, deixando-os suscetíveis a infeções por agentes patógeneos oportunistas que eventualmente provocam as suas mortes.

O estudo foi publicado por investigadores de seis instituições, que trabalharam em conjunto ao longo de três anos. Na sua experiência, simularam a sobrepesca e poluição de nutrientes num recife de corais em Florida Keys, um pequeno arquipélago de ilhas entre a península da Florida e a ilha de Cuba.

Segundo os cientistas, os dados recolhidos ao longo da experiência ajudaram a responder a algumas questões fundamentais sobre a causa do declínio dos recifes de corais. “São más notícias, mas pelo menos [o estudo] vai ajudar a responder à questão sobre o que está a provocar a morte dos corais”, afirmou Rebecca Vega Thurber, uma das autoras do estudos.

“Isto prova que não há apenas uma força a causar a generalização das mortes dos corais. A perda de peixes que ajudam a remover as algas, e a adição de nutrientes em excesso, como os presentes em fertilizantes, podem causar o crescimento das algas nos recifes. Isso faz com que os micróbios normalmente presentes nos corais se tornem patogénicos, e todos esses problemas atingem níveis críticos à medida que a temperatura do oceano aumenta”, descreveu a investigadora. 

O resultado final, afirmam os cientistas, é o declínio global dos recifes do corais que está neste momento a atingir proporções catastróficas. “Precisamos de saber de que forma é que as atividades humanas afetam os ecossistemas dos recifes de corais, que estão entre os mais sensíveis indicadores do estado dos oceanos”, afirmou David Garrison, diretor do programa que financiou o estudo, da divisão de Estudos do Oceano da Fundação Nacional de Ciência dos Estados Unidos.

A equipa de cientistas explica que aos problemas causados por infeções bacterianas devido ao aumento das temperaturas da água do mar, se somam os danos causados pelo bleaching, ou branquamento massivo de corais. O branqueamento de corais é a morte dos recifes de coral, pela destruição das algas pluricelulares que os compõem devido a problemas ambientais, como as alterações climáticas. O branqueamento foi registado pela primeira vez no início dos anos 80 e apenas nos últimos 20 anos registaram-se três desses eventos.

“Cerca de 25 a 35% dos corais na Grande Barreira do Coral estão a morrer neste momento”, afirmou Vega Thurber. “Em 2014-16 grandes quantidades de recifes em todo o planeta sofreram branqueamento, e no passado mês de abril, 90% da Grande Barreira do Coral sofreu branqueamento como resultado de um evento massivo do El Niño. Os corais estão a morrer em todo o mundo”, acrescentou.

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