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Contribuintes vão pagar pela intervenção no BES, alerta Mariana Mortágua

A deputada do Bloco afirma que a “intervenção no BES vai ter custos para os contribuintes”, colocando em causa as garantias dadas pelo Governo de Passos Coelho. Mortágua recorda que os bancos já disseram que não estão dispostos “a pagar ao Fundo de Resolução a totalidade do empréstimo”.
“Intervenção no BES vai ter custos para os contribuintes”, afirma Mariana Mortágua. Foto de João Relvas/Lusa.

"Todas as avaliações de que há do Novo Banco dizem que será vendido por um valor inferior ao injetado no Fundo de Resolução – 4,9 mil milhões de euros. Parte do valor que derem pelo banco será para a sua recapitalização e o encaixe para o Fundo de Resolução será inferior ao que foi injetado”, explicou a dirigente bloquista em declarações ao Diário de Notícias esta segunda-feira.

Mortágua fez questão de recordar que “o sistema bancário não está disposto a pagar ao Fundo de Resolução a totalidade do empréstimo. As notícias que já temos falam numa reestruturação dessa dívida a 20 anos, o que na prática significa um corte na dívida, se é que alguma vez vai ser paga pelo sistema bancário”. Ao que acrescem “todos os riscos de litigância contra o Novo Banco, que ficarão necessariamente na parte pública e não na parte que for vendida”, alerta.

Para a deputada que integrou a Comissão de Inquérito do BES, existem “muitos riscos e muitos indícios de que esta será uma solução com custos elevados para os contribuintes”.

“Não conseguimos compreender a própria ideia – e sempre nos opusemos a ela – da venda do Novo Banco e o seu retorno ao mercado, porque sistematicamente o Estado o que faz é pegar em instituições bancárias, limpá-las e arcar com parte dos prejuízos, devolvendo-as ao mercado para que volte a fazer com elas exatamente o que fez no passado”.

“Não estamos a resolver estruturalmente nenhum problema, mas apenas a limpar todo o lixo e todos os maus investimentos e instabilidade criada pelos mercados financeiros, e, sobretudo, o Estado não previne desastres futuros”.

Segundo Mariana Mortágua, deveria-se separar ativos bons e maus e responsabilizar os acionistas, obrigando-os a assumir os prejuízos.

“Tem de haver uma forma de o Estado poder apropriar-se de bens e património do grupo, que faliu, para compensar os prejuízos que terá a salvar o Novo Banco, e tal não foi feito, como também não foi no BPN”. Para além disso, sublinha, os prejuízos dos benefícios fiscais concedidos ao Novo Banco ainda estão por contabilizar e, no futuro, “custarão vários milhões de euros em perda de receita fiscal”.

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