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Construção de dique no Tejo é “crime”, denunciam ambientalistas

A Associação SOS Tejo anunciou que vai apresentar uma queixa-crime contra a Central do Pego devido à construção de um dique que impede a circulação da fauna piscícola.
Associação SOS Tejo vai apresentar queixa por "crime ambiental". Foto do site médio tejo

A Associação de Defesa do Ambiente, SOS Tejo, anunciou que o rio Tejo foi cortado com um novo dique junto da Central Termoeléctrica do Pego, unindo esta localidade com a freguesia de Mouriscas, ambas em Abrantes, tendo manifestado ao site mediotejo.net a sua “revolta” pelo que consideram ser uma “nova machadada no rio Tejo”.

“O rio Tejo está bloqueado de margem a margem e não dá para passar um peixe do tamanho de uma folha de oliveira”, disse ao mediotejo.net  Arlindo Consolado Marques, presidente da associação ambientalista SOS Tejo, tendo lembrado que é “totalmente proibido colocar uma rede de margem a margem”.

“Trata-se, afirmou, de um corte do rio a 100% sem uma única passagem para os peixes.

De acordo com Arlindo Marques Consolado, “há a intenção de construir uma nova estrada e um segundo espelho de água pois não seria necessária aquela largura para o reforço de um pequeno paredão que tinha sido construído há cerca de 20 anos, altura em que foi construída a Central do Pego”

"A legislação não permite estes crimes ambientais, e logo num curso de água internacional. Já não bastava a poluição e os caudais, foi preciso mais um corte no Tejo”, sublinhou

“Esta situação é gravíssima e apresenta diversas violações à Lei da Água 58/2005. São mais de 30 violações em todas as alíneas dos 108 artigos da Lei, pelo que é urgente instaurar uma providência cautelar que garanta de imediato a abertura do dique e o embargo total da obra para posterior apuramento de responsabilidades”, disse, por sua vez, Sebastião de Mattos, porta-voz daquela associação.

Por esta razão, a Associação SOS Tejo "vai apresentar uma queixa-crime contra a Central do Pego, contra o empreiteiro e contra a Agência Portuguesa do Ambiente (APA), que autorizou”, anunciou .

Contactada pela agência Lusa, a presidente da Câmara de Abrantes, Maria do Céu Albuquerque, disse que esta “intervenção estava programada, no âmbito da estrutura já existente”, tendo afirmado que o resultado final da obra “não vai causar questões adicionais, para além das que existem atualmente” naquela zona.

Afirmando-se “tranquila com a habitual postura social e ambiental da Central do Pego”, a autarca notou que a responsabilidade de fiscalização em domínio hídrico “é da APA”.

O diretor de recursos humanos da Central do Pego, José Vieira disse, por seu turno, à Lusa que “as acusações e as preocupações ambientais são infundadas”, tendo feito notar que a obra de reparação está “devidamente licenciada” pela APA. “Estamos a fazer uma reparação de um rombo no travessão sobre o Tejo, uma estrutura que existe há 25 anos, e que nunca teve problemas com a subida dos peixes”, defendeu, tendo observado existirem nas laterais do travessão, “zonas rampeadas” para a circulação da fauna piscícola.

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