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Como se formou a Lua?

Os seres humanos há milhares de anos que olham para a Lua, mas de onde surgiu ela? Este artigo descreve uma nova descoberta e uma explicação simples para a sua origem. Por Alberto Sicilia.
Formação da Lua
Formação da Lua, imagem da NASA/JPL-Caltech.

Não sabemos com certeza absoluta como se formou a Lua, mas um artigo publicado a 12 de setembro na revista Nature ajuda a resolver o quebra cabeças. Neste texto vou tentar explicar o mecanismo que pensamos ter formado a Lua e como os dados publicados na Nature confirmam uma das principais hipóteses.

1. A Hipótese do Grande Impacto

A hipótese que pensamos estar correta chama-se “Hipótese do Grande Impacto” e o seu enunciado seria algo como:

Há 4.500 milhões de anos existia um planeta chamado Proto-Terra. O planeta Proto-Terra chocou um outro planeta chamado Theia. Como resultado da colisão, a Proto-Terra (com alguns pedaços de Theia) formou a Terra e a Theia (com alguns pedaços da Proto-Terra) formou a Lua.

2. Por que achamos que a Hipótese do Grande Impacto está correta?

É Ciência: pensamos que esta teoria está correta porque prevê muitas características que observamos na Terra e na Lua (por exemplo: que a rotação da Terra e a órbita da Lua tenham a mesma orientação, que as rochas lunares indiquem que a superfície esteve fundida há milhões de anos, ou o pequeno tamanho do núcleo de ferro da Lua).

3. Mas a “Hipótese do Grande Impacto” tinha um problema…

As missões Apolo trouxeram amostras do solo lunar. Quando se analisaram em detalhe estas amostras, os cientistas tiveram uma grande surpresa: as rochas da Lua tinham o “mesmo DNA” que as da Terra (em termos técnicos, a concentração de isótopos de oxigénio nas rochas da Terra e da Lua revelou ser a mesma). Se a Terra se tivesse formado a partir da Proto-Terra e a Lua a partir de Theia, a Terra e a Lua não podiam ter o mesmo “DNA”.

4. Uma “Nova Hipótese do Grande Impacto”

O choque entre a Proto-Terra e Theia foi mais violento do que pensávamos (em termos técnicos: foi uma colisão de mais energia e momento angular do que se pensava). A colisão foi tão tremenda que volatilizou por completo Theia e uma boa parte da Proto-Terra. As rochas não se fundiram em magma: converteram-se em gás. O gás voltou a condensar-se para formar a Lua e a crosta da Terra. Por isso a Terra e a Lua têm o mesmo “DNA” (a concentração de isótopos de oxigénio).

Os resultados publicados na Nature apoiam esta hipótese. A equipa de Harvard voltou a estudar as rochas trazidas da Lua e descobriu que os isótopos pesados de potássio são mais comuns lá do que no nosso planeta. Esta nova descoberta reforça a “Nova Hipótese do Grande Impacto” (um choque de semelhante energia deixaria a mesma concentração de isótopos de oxigénio na Terra e na Lua, mas mais isótopos de potássio mais pesados na Lua).

Estamos cada vez mais perto de perceber de onde surgiu a Lua.

Artigo publicado originalmente a 13 de setembro de 2016 em Principia Marsupia. Traduzido para o esquerda.net por Joana Campos.

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