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Cimpor quer duplicar emissões de carbono orgânico em Souselas

Quando foi iniciada, em Souselas, a queima de resíduos industriais perigosos, foram prometidos estudos de acompanhamento na área da saúde das populações que residem na zona, mas “não foi feito rigorosamente nada”, critica o deputado do Bloco José Manuel Pureza que já questionou o Ministério do Ambiente sobre o pedido da Cimpor para aumentar os valores-limite das emissões.
Sinal de " trânsito proibido a veículos transportando mercadorias perigosas" colocado à entrada de Souselas para impedir o acesso a camiões com resíduos para serem coincinerados na Cimpor de Souselas, Agosto de 2006. Foto de Paulo Novais/Lusa.

A Cimpor solicitou à Agência Portuguesa do Ambiente (APA) autorização para aumentar, nas operações de coincineração na unidade de Souselas, os valores-limite de emissões de carbono orgânico total. A Câmara Municipal de Coimbra já emitiu um parecer negativo sobre este pedido.

“Exigimos total transparência neste processo” e “uma explicação cabal e inequívoca para a razão de ser” deste pedido, disse o deputado José Manuel Pureza à Lusa, no final de duas reuniões com autarcas da zona onde labora a fábrica da Cimpor, esta terça-feira, questionando ainda a alegada falta de estudos para um aumento das emissões de carbono orgânico.

José Manuel Pureza reuniu com os presidentes das juntas da União de Freguesias de Trouxemil e Torre de Vilela e da União de Freguesias de Souselas e Botão.

O deputado do Bloco explicou que quando há alguns anos foi iniciada em Souselas a queima de resíduos industriais perigosos, “foram prometidos estudos de acompanhamento na área da saúde” das populações que residem na zona. Porém, “que nós tenhamos conhecimento, não foi feito rigorosamente nada”, criticou.

O pedido dirigido pela Cimpor à APA significa “um aumento para mais do que o dobro” das emissões de carbono orgânico no complexo de Souselas.

O pedido dirigido pela Cimpor à APA significa “um aumento para mais do que o dobro” das emissões de carbono orgânico no complexo de Souselas, a norte da cidade de Coimbra, o que leva o Bloco a exigir "explicações e prevenção das ofensas ao ambiente" e à saúde pública.

“A coincineração é um negócio de embaratecimento do combustível” usado na produção de cimento, referiu o deputado eleito pelo círculo de Coimbra, citado pela Lusa, salientando ainda que “tudo aponta para que estejam também a ser queimados resíduos urbanos” na fábrica de Souselas.

O Bloco já questionou o Governo sobre o pedido da Cimpor, pretendendo saber se este irá satisfazer a pretensão da cimenteira.

Numa pergunta dirigida ao Ministério da Ambiente, subscrita pelos deputados José Manuel Pureza e Jorge Costa, o Bloco considera que a “versão benigna” da empresa quanto aos efeitos desse aumento “é claramente contraditória com a evidência de que se registará um aumento das emissões de carbono orgânico total para a atmosfera”.

Além disso, José Manuel Pureza recordou aos jornalistas que a Câmara Municipal de Coimbra “fez bem em dar parecer negativo” ao pedido da Cimpor, mas defendeu que também a autarquia, liderada por Manuel Machado, do PS, “tem de dar explicações” sobre o processo que a levou a emitir parecer no último dia do prazo legal para o fazer.

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