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Cardeal patriarca irrita sindicatos

Na homilia em que celebrava o cinquentenário de eucaristias, D. José Policarpo disse não gostar dos grupos que fazem "reinvindicações de classe", como os sindicatos, que contrariam as medidas da troika. CGTP e UGT não gostaram das palavras do cardeal.
O cardeal patriarca de Lisboa diz que os sindicatos põem o interesse individual acima do nacional. Foto José Goulão/Flickr

"Está a fazer-me muita confusão ver, neste anúncio das medidas difíceis que até nos foram impostas por quem nos emprestou dinheiro, que os grupos estejam a fazer reivindicações grupais, de classe, não gosto", afirmou D. José Policarpo na aldeia de Alvorinha, nas Caldas da Rainha, no seu regresso ao local onde tinha celebrado a sua primeira eucaristia.

O discurso do cardeal fez referência aos sindicatos como fazendo parte dos grupos que põem o interesse individual acima do nacional numa altura em que têm que ser vencidas "as visões derrotistas e pessimistas" e "todos somos chamados a vencer o egoísmo, a pensar no nós e não no eu".

Do lado dos sindicatos, a resposta não se fez esperar. "É interessante que o cardeal patriarca tenha esta posição quando se justificava que defendesse os que mais precisam", afirmou o dirigente da CGTP Arménio Carlos. No entender do sindicalista citado pela agência Lusa, as declarações do patriarca de Lisboa estão deslocadas da realidade do país pois ignoram o aumento do desemprego, da precariedade e das desigualdades sociais e a redução dos salários.

João Proença, líder da UGT, manifestou "incredibilidade pelo comentário" de Policarpo. "A igreja assume, assim, que ela defende o interesse geral e as restantes instituições sociais defendem interesses particulares", criticou o sindicalista. Proença afirmou ainda que dar prioridade aos problemas do país "passa também pela defesa dos interesses dos trabalhadores, pois sem trabalhadores não há país".

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