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“Cabe agora a Rajoy decidir se responde com mais repressão”

Joana Mortágua acompanhou, no parlamento catalão, a declaração de Carles Puigdemont. Para a deputada do Bloco de Esquerda, "a suspensão temporária da declaração de independência serve para impedir uma repressão imediata por parte de Madrid".
Na opinião da deputada do Bloco, cabe agora a Rajoy decidir “se quer responder com mais repressão”. Foto de António Pedro Santos/ LUSA.

No final da tarde desta terça-feira, Carles Puigdemont abriu o processo de independência da Catalunha: declarou que assume o “mandato do povo” para que a Catalunha seja um “Estado independente”, mas suspende o efeito desta declaração de independência, para procurar o diálogo com Madrid.

Com esta posição, as autoridades catalãs colocam “a bola do outro lado”, o lado de Rajoy, e insistem “mais uma vez no apelo ao diálogo, do qual possa resultar o respeito pela vontade da maioria dos catalães”, considerou em declarações à Lusa Joana Mortágua, que assistiu à sessão, no parlamento catalão, a convite da CUP (Candidatura de Unidade Popular).

“O presidente da Catalunha fez um discurso muito claro em relação ao Governo central e a Mariano Rajoy, explicando por que é que a saída natural para a sociedade catalã, perante o desrespeito pelas escolhas dos catalães, é a criação de uma república independente”, disse, comentando que “por sucessivas vezes, a maioria catalã se expressou e foi ignorada”.

Na opinião da deputada do Bloco, cabe agora a Rajoy decidir “se quer responder com mais repressão”. Joana Mortágua disse ainda que foi sob tensão que assistiu ao discurso de Puigdemont, considerando que “a suspensão temporária da declaração de independência serve para impedir uma repressão imediata por parte de Madrid”.

A deputada admite que ainda existe “o fantasma do artigo 155” e defende que “se Madrid o acionar, será uma humilhação para o povo da Catalunha”.

Segundo o seu relato, sente-se nas ruas de Barcelona “um clima de tensão” e a proposta de suspensão da declaração de independência foi recebida com “uma quebra de adrenalina imediata”, levando as pessoas, aos milhares, rapidamente a dispersar. “As pessoas não estão alegres nem tristes, estão sem perceber o que vai acontecer”, comentou.

Joana Mortágua recordou que a Constituição portuguesa defende o direito à autodeterminação dos povos. “Esse é o princípio que seguimos, não para nos imiscuirmos na política interna de outro país, mas porque há um povo que exprime isso democraticamente e tem de ser respeitado”, explicou.
 

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