Brisa faz transferência compulsiva de trabalhadores

22 de março 2011 - 18:03

O sindicato que representa os operadores de portagem da Brisa acusa a empresa de proceder a transferências de trabalhadores, nalguns casos para "centenas de quilómetros de distância", para os "cansar" e conseguir "rescisões de contratos". O deputado do Bloco Heitor de Sousa reuniu com os trabalhadores.

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O deputado do Bloco Heitor de Sousa reuniu com os trabalhadores, esta segunda-feira, no Centro Operacional da Brisa, em Vendas Novas. Foto de Hugo Evangelista.

"A Brisa está a desactivar os serviços todos nas regiões e a substituir os portageiros por máquinas. O que pretende, e foi o que disse a certa altura, é despedir os trabalhadores", criticou Manuel Guerreiro, presidente do Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal (CESP).

O CESP falou à Lusa depois de uma reunião, nesta segunda-feira, no Centro Operacional (CO) de Vendas Novas da Brisa, com trabalhadores das portagens, na qual também participou o deputado do Bloco Heitor de Sousa.

A reunião serviu para abordar o efeito da instalação das máquinas automáticas de cobrança de portagens (E-TOLL’s) na rede de autoestradas da Brisa, o que tem levado ao "despedimento de muitas pessoas", frisou.

"No Alentejo, estamos a falar de centenas de trabalhadores, que não se vão embora porque não têm alternativas de emprego", disse, exemplificando que entre o CO de Vendas Novas e o antigo CO de Estremoz "há 78 portageiros". Destes, apenas "vão ficar 25", colocados no CO de Vendas Novas, que está a ser reestruturado.

Neste contexto, acusou, a Brisa está "a transferir pessoas de Elvas para Coina, de Coina para Lisboa, de Almodôvar para Paderne" e vice-versa, num "corrupio constante de mudanças que alteram a vida e destroem a saúde das pessoas".

O objectivo destas alegadas transferências, que em alguns casos "chegam às centenas de quilómetros", é o de "cansar" os trabalhadores, para que estes "aceitem a rescisão de contratos", segundo o CESP.

"O Estado, que é dono das autoestradas, está a aceitar tudo isto e está a aceitar que esta empresa", que pretende que "1300 trabalhadores rescindam" os contratos, "todos os anos aumente os lucros", argumentou o dirigente sindical, assegurando que a Brisa vai atingir, em 2011, "mais de 700 milhões de euros de lucros líquidos".

"A situação é inaceitável"

Ao Esquerda.net, o deputado Heitor de Sousa anunciou que o Bloco irá apresentar um projecto de resolução no sentido de denunciar a situação de “pressão inaceitável” a que aqueles trabalhadores estão sujeitos e para que seja impedido a empresas com lucros – como é o caso da Brisa que em 2010 aumentou os lucros em 400 por cento – despedir trabalhadores. “As empresas não podem demitir-se do seu papel social”, afirmou Heitor de Sousa.

Além disto, acrescentou o deputado, a situação nas regiões do interior é particularmente grave pois aí a Brisa é uma das já poucas grandes empresas empregadoras. “A substituição dos portageiros por máquinas também reduz consideravelmente a qualidade dos serviços prestados”, disse ainda o deputado.