Está aqui

Borges Coelho premiado

António Borges Coelho recebe esta segunda-feira um Prémio da Universidade de Lisboa. O historiador considera a história "uma ciência perigosa."
Foto Miguel A. Lopes/Agência Lusa

O historiador António Borges Coelho será homenageado esta segunda-feira pela Universidade de Lisboa considerando o seu “singular percurso na historiografia portuguesa”.

Professor do Departamento de História da Faculdade de Letras desta Universidade, autor de obras como “Raízes da Expansão Portuguesa”, “A Revolução de 1383” e a “Inquisição de Évora”, o júri do prémio realça igualmente as suas “qualidades humanas e pedagógicas”, a sua “grande erudição e acessibilidade da sua obra”, o modo como cultiva a língua e o trabalho rigoroso de tratamentos de informações.

A ciência perigosa, a mente insubmissa e o ceticismo militante

Borges Coelho tem 90 anos. Mas a voz do historiador não é uma voz do passado. Continua a dar entrevistas e a fazer-se ouvir. Ainda em outubro Borges Coelho tinha afirmado, em entrevista à agência Lusa que “a história é uma ciência perigosa” porque “se for nova e verdadeira, vai ao fundo da verdade.” Em fevereiro, em entrevista ao Jornal I, considerava que “a mente, agora, está cada vez mais insubmissa” enquanto reiterava que “o povo que fez a primeira revolução burguesa no planeta perdeu o seu avanço nas malhas do capital rentista que perduram até hoje”. Na mesma entrevista em que se declarava “cético militante” persistia em declarar-se no mesmo campo político de sempre.

Da história dos de baixo aos sobressaltos da história

De acordo com estas suas últimas entrevistas, Borges Coelho não acredita tanto em caminhadas históricassem atritos, ou em finais felizes quanto em quotidianos pesados: “o processo histórico segue a sua marcha não no sentido do progresso contínuo, (…) mas com avanços, recuos, mudanças de rumo. São raros e luminosos os finais felizes, sobram o quotidiano pesado e as ruturas brutais.”

Da criança que ia buscar as cabras ao monte e da militância comunista diz que chegou naturalmente à historiografia porque “sentia que a história de Portugal estava mal contada. O poder e os historiadores tinham feito uma história que era só da gente que estava em cima. E, afinal, um povo inteiro participa na caminhada ao lado dos outros povos, partilhando ou subjugando.”

Termos relacionados Cultura
(...)