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Bombeiros criticam "palavras de circunstância" de Passos Coelho

Na terça-feira, o primeiro-ministro rompeu o silêncio sobre a vaga de incêndios que tem assolado o país, garantindo que a situação não é mais difícil do que em anos anteriores. As asssociações de bombeiros profissionais e voluntários não gostaram das palavras de Passos Coelho.
Bombeiros profissionais e voluntários acusam Passos de assobiar para o lado ao recusar mudanças na organização do combate aos incêndios. Foto DigitalO/Flickr

Em declarações à TVI24, os dirigentes da Associação Nacional de Bombeiros Profissionais (ANBP) e da Associação Portuguesa de Bombeiros Voluntários (APBV) reagiram mal às declarações de Passos Coelho na sua visita à sede da Autoridade Nacional de Protecção Civil. 

“Não me parece que exista responsabilidade directa a imputar a alguém” pela morte dos bombeiros, disse o primeiro-ministro, antes de sublinhar que os bombeiros têm “uma actividade arriscada”, tornando possível que “situações” como estas “possam ocorrer”. “Apesar do que estas duas semanas mostraram, não temos uma situação mais difícil do que em anos anteriores, em média”, prosseguiu Passos Coelho, indiferente aos números da área ardida que ultrapassam já o total de anos anteriores. 

Estas palavras não deixaram os bombeiros descansados, já que as suas associações esperavam ouvir do primeiro-ministro a garantia de que a organização do combate aos incêndios iria mudar, depois de muito criticada pelos seus associados que continuam no terreno.

"Esperava que o primeiro-ministro apresentasse aos bombeiros e ao país uma posição de medidas estruturantes de organização do setor. Há alguns problemas no que diz respeito aos equipamentos individuais e há problemas de orografia, mas morreram quatro bombeiros e parece que não há problema nenhum", reagiu Fernando Curto, presidente da ANBP.

"Dizer que este ano não é diferente dos restantes, que não houve falhas, quase que dizendo que a culpa do falecimento destes camaradas foi o facto de eles combaterem incêndios em Portugal" deixa Rui Silva, presidente da APBV, "muito preocupado". "Primeiro por aquilo que vai ser o futuro em termos de decisão política por parte do Governo e porque, quando isto acontece, em vez do contingente do dispositivo ter uma palavra de apoio do primeiro-ministro, acaba por ouvir frases de circunstância», resumiu o dirigente associativo à TVI24.

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