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Bloco quer reintroduzir proibição da caça na reserva natural da Serra da Malcata

Bloquistas consideram decisão do atual Governo de autorizar caça nesta reserva “incompreensível” e “injustificável”. Medida põe em causa um “ecossistema privilegiado e especialmente importante a defender” e “a conservação de espécies em risco, desde logo o lince-ibérico, mas também o lobo e o abutre-preto”.

“Após praticamente 23 anos de proibição de caça na Reserva Natural da Serra da Malcata, o Governo decidiu autorizá-la”, refere o Bloco de Esquerda no Projeto de Resolução entregue esta terça-feira na Assembleia da República.

Os bloquistas lembram que a própria portaria que vem agora autorizar a caça na reserva, localizada entre a vila de Penamacor e a cidade do Sabugal, assinala que a mesma foi criada já que “no seu território de valores botânicos e faunísticos de incontestável interesse que tornam esta Reserva Natural num ecossistema privilegiado e especialmente importante a defender”.

Na proposta do Bloco é ainda sublinhado que “esta área é um habitat histórico de ocorrência do lince-ibérico”, o “felino mais ameaçado do planeta e o carnívoro em maior perigo na Europa”, e que “o Plano Nacional de Reintrodução do lince-ibérico prevê a libertação de espécimes na Reserva”.

“A decisão do Governo levanta imensas preocupações relativamente à conservação de espécies em risco, desde logo o lince-ibérico, mas também o lobo e o abutre-preto”, lamentam os bloquistas, sublinhando que “também as populações de corço, o veado ou o coelho (população essencial à conservação do lince-ibérico) podem ver a sua recuperação em causa na área”.

Acresce ainda que, na maior parte do território nacional, é já possível a atividade cinegética, o que, segundo o Bloco de Esquerda, torna “ainda mais injustificável a decisão” do atual Governo.

“A decisão levanta ainda mais questões e riscos dada a atual situação deficitária de recursos humanos e de financiamento da Reserva”, alerta o Bloco, lembrando que, “à semelhança das outras áreas protegidas no país, faltam vigilantes da natureza e outros funcionários essenciais para a conservação da natureza”, pelo que “a caça furtiva é já um problema na reserva”.

Sublinhando que a portaria em vigor até aqui interditava o exercício da caça, “sem prejuízo de, em casos especiais devidamente fundamentados, contemplar a autorização de ações de correção visando o controlo populacional de determinadas espécies”, o documento adianta que “não se percebe que o Governo reintroduza a caça na Reserva argumentando que assim visa 'a valorização económica e social do património natural'”.

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