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Bloco quer explicações sobre negócio ruinoso com locomotivas alemãs

O Estado português gastou 100 milhões de euros em 25 locomotivas num concurso polémico ganho pela Siemens. Ao mesmo tempo remodelava 26 locomotivas da CP, que agora vão para abate, apesar de estarem aptas a circular.
Estado comprou 25 locomotivas novas à Siemens para transporte de carga quando tinha 26 locomotivas a ser remodeladas para o mesmo efeito. Foto Nuno Morão/Flickr

Num requerimento dirigido ao ministro Pires de Lima, a deputada bloquista Mariana Mortágua quer saber quanto custou a remodelação das locomotivas que a CP logo abandonou e agora se prepara para abater, apesar de terem ainda mais de uma década de vida útil pela frente.

O Bloco de Esquerda pretende ainda saber a razão pela qual o Governo de Durão Barroso e Paulo Portas deu início ao processo de aquisição das 25 locomotivas novas, sabendo que estava em marcha o plano para remodelar as 26 locomotivas da CP. Os contornos desse concurso, em que a empresa presidida pelo administrador laranja António Ramalho decidiu adjudicar em dezembro de 2005 a encomenda ao segundo classificado, são também objeto das perguntas do Bloco. "Por que razão é que se optou por adjudicar à oferta segunda classificada, apesar de esta ser mais cara em 5 milhões de euros?", questiona Mariana Mortágua. 

"As locomotivas 2600 foram alvo de um investimento que rapidamente se deitou para o lixo para as substituir por novas locomotivas, as 4700, que não eram necessárias porque depois da remodelação das 2600, estas garantiam mais uma ou duas décadas de funcionamento com boa performance", conclui Mariana Mortágua.

Para além dos 5 milhões pagos a mais aos alemães da Siemens, o Estado viu-se ainda obrigado a gastar mais 4 milhões de euros na aquisição, por ajuste direto, de sistemas necessários para a circulação das locomotivas.

As locomotivas remodeladas tinham servido o transporte de passageiros no serviço Intercidades e para as adaptar ao transporte de carga foi feita a revisão geral, ar condicionado, reposicionado o redutor de velocidade para 100km/h e instalado o comando múltiplo.

"As locomotivas 2600 foram alvo de um investimento que rapidamente se deitou para o lixo para as substituir por novas locomotivas, as 4700, que não eram necessárias porque depois da remodelação das 2600, estas garantiam mais uma ou duas décadas de funcionamento com boa performance", conclui a deputada bloquista, que pretende que o Governo diga agora qual o destino a dar às locomotivas que estavam para abate antes do caso ser do conhecimento da opinião pública.

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