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Bloco propõe “pacto pela saúde” no próximo orçamento

Bloco defende investimento no SNS próximo dos valores médios da União Europeia, para contratar médicos de família, enfermeiros e substituir equipamento obsoleto. "Não precisamos de cortar em lado nenhum. É para isso que a economia cresce”, explicou Catarina Martins.
Bloco propõe “pacto pela saúde” no próximo orçamento
Foto de Paulete Matos.

Esta quinta-feira, no final de uma visita a uma Unidade de Saúde Familiar em Santa Maria da Feira, no âmbito da campanha para as eleições autárquicas, Catarina Martins lembrou que que "em Portugal o investimento no Serviço Nacional de Saúde (SNS) está abaixo dos 6 por cento do PIB" e "a média europeia são quase 8 por cento", defendendo um compromisso para que o investimento nacional possa chegar aos valores médios da União Europeia.

"No próximo Orçamento do Estado, queremos um pacto pela saúde, que permita às famílias terem todas acesso a médico de família, que coloque os dois mil enfermeiros em falta no Serviço Nacional de Saúde e substitua o equipamento que está obsoleto", anunciou.

Este pacto, explicou Catarina, permitiria "garantir cuidados de saúde a toda a população, ao mesmo tempo que diminuiria a despesa pública, porque evita a excessiva contratualização a privados que temos feito no SNS".

"Não precisamos de cortar em lado nenhum. É para isso que a economia cresce. Quando fazemos as escolhas corretas, quando escolhemos bem onde temos de investir a economia melhora e é assim que a economia cresce", sustentou a Coordenadora do Bloco. Além disso, quando se investe no SNS, continuou, "a população é mais saudável e gasta-se menos em cuidados com o que se poupa na prevenção".

Segundo as contas do Bloco, chegar a um investimento no SNS, próximo daquele que existe nos outros países europeus, ou seja, “fazer um esforço para irmos deste menos de 6 por cento do PIB para chegarmos mais perto dos 7 por cento, o que seria um passo intermédio até aos 8 por cento de que precisamos”, seria um esforço que responde, do ponto de vista da despesa (com a contratualização dos enfermeiros e dos médicos) e também do ponto de vista do investimento necessário, como os 800 milhões de euros diagnosticados como necessários e urgentes para a substituição do material obsoleto.

“Espero que o Governo ouça com atenção os avisos dos economistas do PS”

À margem da visita no distrito de Aveiro, respondendo às questões dos jornalistas, Catarina Martins afirmou que "não é preciso fazer uma consolidação orçamental tão rápida como o ministro das Finanças tem defendido".

As perguntas incidiram sobre o recentemente divulgado documento elaborado por economistas do 'think thank' Institute of Public Policy (IPP), entre os quais o deputado do PS Paulo Trigo Pereira, no qual estes propõem uma política orçamental "menos restritiva" do que a prevista pelo Governo até 2021, defendendo ainda que, com metas menos apertadas, será possível mais despesa pública e, consequentemente, mais crescimento económico.

"Acho muito interessante que haja um grupo de economistas do PS que esteja defender algo que o Bloco de Esquerda tem dito. Nós temos que fazer escolhas e não é preciso fazer uma consolidação orçamental tão rápida como o ministro das Finanças tem defendido", disse Catarina Martins, citada pela Lusa.

Segundo o Bloco, se a consolidação orçamental "for mais lenta" e forem feitas "as despesas certas, os investimentos certos, o crescimento da economia será mais sustentado e, portanto, as contas públicas ficarão também mais saudáveis", sustentou ainda.

"Eu acho que este aviso que é feito por economistas da área do PS a Mário Centeno é um aviso interessante que eu espero que o Governo ouça com atenção", afirmou a Coordenadora do Bloco, esclarecendo que o leu com atenção, para lá das declarações de Trigo Pereira, na entrevista à Rádio Renascença e ao Público, na qual disse que "não é possível fazer tudo ao mesmo tempo, isso é alquimia".

"Alquimia era o que prometia a direita que, cortando tudo na economia, um dia a economia havia de florescer, uma espécie de renascer das cinzas. E essa alquimia é que não funcionou", sublinhou Catarina. O que funciona, concluiu, "é recuperar o país, os salários, as pensões, os serviços públicos", porque, assim, "a economia cresce, gera emprego e fica-se melhor".

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