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Bloco contesta nomeação do ex-líder da SLN para a Caixa

A nomeação de Rui Machete para vice-presidente da Assembleia Geral da Caixa Geral de Depósitos é "lamentável" pela sua associação ao "gangsterismo" da gestão do BPN, acusa o deputado João Semedo.
Rui Machete foi presidente, durante muitos anos, do conselho superior da SLN, que reunia os principais accionistas do Grupo SLN/BPN. Foto RTP

A gestão do BPN é “o maior escândalo financeiro da história” em Portugal e ir para a administração da Caixa “é um prémio que [Rui Machete] não merece e que o Governo lhe entrega”, disse João Semedo em conferência de imprensa.

“Nós consideramos lamentável e inaceitável a escolha que o Governo fez para a presidência da assembleia geral da Caixa Geral de Depósitos ao escolher o Dr. Rui Machete, não porque o Dr. Rui Machete nos levante qualquer questão ou sobre ele haja alguma questão que possa ser suscitada, mas porque não temos a memória curta e nos recordamos que Rui Machete foi presidente, durante muitos anos, do conselho superior da SLN, que reunia os principais accionistas do Grupo SLN/BPN”, afirmou o deputado bloquista.

Machete fez parte de dois governos provisórios e seguiu carreira no PSD como deputado e ministro no Bloco Central. Pertenceu à bancada laranja durante os mandatos de Cavaco no governo e foi presidente da Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento durante 22 anos, desempenhando ao mesmo tempo cargos de responsabilidade nas Assembleias Gerais de empresas como a GALP, BPI, Compta, Cires Resinas, seguros do BCP (Ocidental e Médis) e UNICRE e também fez parte da comissão de vencimentos do grupo Orey.

Mas nesta constelação de cargos, há um que sobressai: a sua passagem entre 2007 e 2009 pela presidência da Sociedade Lusa de Negócios, o grupo proprietário do BPN e que foi durante muito tempo o centro dos esquemas de corrupção e branqueamento de capitais que beneficiou ex-governantes do PSD.

A situação actual do BPN também preocupa João Semedo, que rejeita a hipótese do Estado injectar “mais 500 milhões de euros” para recapitalizar o BPN, antes de o privatizar por um valor muito menor. Semedo diz que se a intenção do governo avançar, o país vai “pagar para vender e vai perder mais do que o que vai obter com a venda”. O Bloco quer ainda saber qual o resultado da auditoria à gestão pós-nacionalização feita pelo Tribunal de Contas.

Caso o banco seja privatizado, o Bloco defende a caducidade imedidata das garantias que comprometem o Estado, a par do compromisso da entidade compradora em manter empregos e direitos dos trabalhadores do banco. 

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