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Base das Lajes: Bloco critica submissão do Governo português aos EUA

O coordenador do Bloco/Açores Paulo Mendes considerou esta segunda-feira que a aplicação de medidas de mitigação não é suficiente face à redução militar norte-americana na Base das Lajes, defendendo a utilização unicamente civil do espaço.
Paulo Mendes criticou a postura de "submissão absoluta" do Estado português aos Estados Unidos da América (EUA) e o facto de Portugal encarar a pertença à NATO como "prioridade máxima" acima de qualquer interesse nacional.

"O acordo tem de ser renegociado. Eu gostaria de saber quando se fala em renegociação de que é que estamos a falar. Da parte do Bloco de Esquerda seria uma renegociação que permitisse a criação de uma moratória para o abandono dos norte-americanos da Base das Lajes", frisou, em declarações aos jornalistas, Paulo Mendes.

O líder regional do Bloco de Esquerda falava após uma reunião com a Comissão Representativa dos Trabalhadores portugueses na Base das Lajes em que apresentou um projeto de resolução do Bloco, que reuniu consenso na Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores e recomenda ao Governo da República um plano de emergência para atenuar os efeitos da redução militar norte-americana e consequentes despedimentos.

Para Paulo Mendes, tanto o plano de emergência aprovado pelo parlamento açoriano como o plano de revitalização económica da ilha Terceira anunciado pelo Governo Regional são positivos, porque permitem atenuar efeitos a médio e longo prazo, mas "não será só por aí".

"Estas são medidas que são urgentes, mas devemos pensar no futuro da Base das Lajes", frisou. Para o responsável, é "indesejável" manter uma presença militar "adormecida" na Base das Lajes e a utilização mista do espaço é "irrealista".

 "Utilizações mistas civis e militares não têm qualquer viabilidade. Quem é que se vai interessar comercialmente por uma infraestrutura que de hoje para amanhã pode ser acionada para dar resposta a uma crise militar do outro lado do mundo e ver todo o seu negócio condicionado a essa vicissitude?", questionou.

Paulo Mendes considerou que a criação de emprego na Base das Lajes através da presença militar norte-americana sempre foi um "efeito lateral" e que é tempo de pensar em alternativas para a utilização do espaço.

"Se nós tivéssemos já estudado outras utilizações, se tivéssemos já negociado outras utilizações, de certeza que não estaríamos nesta situação", salientou.

O coordenador regional bloquista defendeu que o Estado português deve impor o abandono dos norte-americanos da Base das Lajes, mas antes tem de "arranjar novas alternativas para o espaço" e "obrigar os norte-americanos a pagarem por todo o prejuízo ambiental que provocaram".

Paulo Mendes criticou a postura de "submissão absoluta" do Estado português aos Estados Unidos da América (EUA) e o facto de Portugal encarar a pertença à NATO (Organização do Tratado Atlântico Norte, em português) como "prioridade máxima" acima de qualquer interesse nacional.

Os Estados Unidos anunciaram a 8 de janeiro que vão retirar este ano 500 militares e civis da base das Lajes, no concelho da Praia da Vitória, e despedir 500 portugueses que trabalham para a Força Aérea norte-americana na ilha Terceira.

As autoridades locais estimam que esta decisão leve a um aumento do desemprego na ordem das duas mil pessoas, por causa dos empregos indiretos que a presença dos Estados Unidos da América (EUA) gera na ilha Terceira, a nível, por exemplo, de serviços domésticos ou da restauração.

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