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Bancos lançam penhora sobre coleção Berardo

Ao Público, fontes dos três bancos admitem “entendimento posterior com o Estado” após tomarem posse da coleção. 
Ministro da Cultura com Joe Berardo na assinatura do novo contrato de parceria público privado para o Museu Berardo, em dezembro de 2016. Foto de Mário Cruz, Lusa.
Ministro da Cultura com Joe Berardo na assinatura do novo contrato de parceria público privado para o Museu Berardo, em dezembro de 2016. Foto de Mário Cruz, Lusa.

Três bancos portugueses vão avançar com a penhora sobre 75% da coleção Berardo, noticia o jornal Público. Joe Berardo terá entrado em incumprimento perante os créditos de 500 milhões de euros concedidos pela Caixa Geral de Depósitos, BCP e Novo Banco para a operação de compra de participação qualificada de 7% no BCP por parte de Joe Berardo, em 2007.

Contudo, os empréstimos de Berardo ultrapassam largamente os 500 milhões sob colateral da coleção de arte. No total, a CGD concedeu 400 milhões de euros, o BCP outros 400 milhões, e o BES (atual Novo Banco) mais 200 milhões. Acrescente ainda o Santander Totta que o financiou em 100 milhões de euros. Segundo o Público, a maioria das verbas foram utilizadas para operações bolsistas cujo valor colapsou com a crise de 2008. 

Nos colaterais apresentados por Berardo aos três bancos está 75% dos títulos da Associação da Fundação Berardo, a dona da coleção de arte exposta no CCB. Segundo o Público, a relação “do cliente não é igual nos três casos”. 40% dos colaterais estão imputados à CGD e outros 40% ao BCP, com o Novo Banco com os restantes 20%. 

A estratégia dos bancos será evitar a litigância nos tribunais, estando a decorrer diligências entre as partes para chegar a um acordo. Os cuidados dos três bancos justificam-se pela dificuldade em garantir uma “relação de propriedade da Associação da Fundação Berardo com as obras de arte que compõem a Colecção de Arte Moderna do CCB”, escreve o Público, algo que, se o tribunal não confirmar, dificultaria a execução das dívidas e obrigaria automaticamente aos bancos reconhecerem perdas nos respetivos balanços. 

Segundo a avaliação da Coleção realizadapela Christie’s em 2007, as 862 obras da coleção valeriam 316 milhões de euros que, com a exposição permanente, se terão valorizada para os 400 milhões. 

Ao Público, fontes dos três bancos admitem “entendimento posterior com o Estado” após tomarem posse da coleção. 

A coleção foi instalada no CCB em 2007 através de uma parceria público-privado entre o Estado e Joe Berardo, concedendo a então Ministra da Cultura Isabel Pires de Lima o CCB para Berardo instalar a sua coleção, mantendo Berardo o controlo sob o seu destino sem qualquer obrigação a longo prazo. 

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