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“A banca tem sido o setor que mais danos provocou às contas públicas”

Marisa Matias afirmou este sábado que “nada contribui mais para o descrédito da Presidência da República que um Presidente que deixou passar várias inconstitucionalidades”, e dirigiu a sua candidatura “a todos os que exigem de todas as instituições, a começar pelo Presidente da República, o respeito pelos seus direitos consagrados na Constituição.
Foto de Paulete Matos

Ao longo deste sábado, decorre no MUDE – Museu do Design e da Moda, em Lisboa, um Fórum de Ideias ‘Por Um País Justo e Solidário’, promovido pela candidatura de Marisa Matias a Presidente da República. Segundo a candidata, o encontro procura ser uma “representação de perspetivas a partir do qual se pode e deve construir uma reflexão sobre o futuro do nosso país”.

Na abertura da sessão, Marisa Matias lembrou que, durante os últimos anos “Portugal tornou-se mais injusto, mais desigual e menos solidário”, pois instalou-se a ideia de que “um bom governante seria o que impõe sacrifícios”, aquele que “mostraria que é responsável, mesmo quando rasga contratos, retira às pessoas rendimento que é delas, encerra serviços essenciais ou reduz centenas de milhares à pobreza”. “Desrespeitar a democracia tornou-se, portanto, para alguma da nossa direita uma virtude”, frisou.

“Ao conceber os serviços públicos de forma universalista, a nossa democracia compromete o Estado com uma visão solidária da concretização dos direitos”.

Destacou que a sua candidatura quer falar dos direitos que estão consagrados na Constituição, e sublinhou que a “saúde, educação, segurança social, cultura e justiça devem estar ao alcance de todos os cidadãos, sem discriminações”. Para Marisa Matias, cabe ao Presidente da República ser o garante desses direitos, e defendeu que este “deve manter com o Governo e a Assembleia da República um diálogo e um relacionamento leal que promova a sua concretização na vida das pessoas”. 

A sessão de abertura contou igualmente com uma intervenção do ator António Capelo, Mandatário Nacional da candidatura de Marisa Matias, que destacou a importância da cultura para a nossa sociedade e enquanto plano estratégico para o nosso país. Teceu duras críticas a ao sucessivos cortes na cultura e pediu uma reflexão sobre estes tempos “em que é necessário defender o que é óbvio”.

Já o painel da manhã, moderado pela deputada e economista Mariana Mortágua, foi composto pelo historiador José Pacheco Pereira, e pelo economista Ricardo Paes Mamede.

Para José Pacheco Pereira “os últimos quatro anos são a conjugação de todas as piores ideias com toda a pior ignorância”, e acusou Cavaco Silva de, nesses mesmos quatro anos, “dar à ignorância e aos interesses uma câmara corporativa”, naquilo a que chamou de “corporativização do regime”. Para o historiador, um bom Presidente da República deve começar por “olhar para o país que temos” e ajudar a garantir que “todos tenham uma oportunidade de ser felizes, aqui e agora”, e considerou que a dignidade foi “talvez o mais importante que foi ferido nos últimos quatro anos”.

Já Ricardo Paes Mamede defendeu que o Presidente da República deve ser um “mobilizador de vontades e de esperanças”, e afirmou que é urgente defender a soberania nacional pois, neste momento, estamos a abdicar dela “a troco de nada”. Para o economista, e referindo-se à ligação entre a os problemas da banca e o papel do Presidente da República, Cavaco Silva “cometeu a imprudência de intervir num domínio que não devia ser do seu domínio”, lembrando as garantias de segurança que deu aos depositantes do BES. Entendeu, ainda, que Cavaco Silva confundiu “aquilo que é a necessidade de termos uma economia e uma banca a funcionar sem problemas” e a “sistemática proteção daquilo que são as posições dos banqueiros”, sinal da “cooptação do poder político por aquilo que são as elites nacionais”.

O Forúm de Ideias continua este sábado à tarde, com intervenções de Jorge Leite, Jorge Meneses, José Luís Albuquerque e Margarida Gil, numa sessão moderada por Sandra Mestre Cunha. O encerramento caberá à porta-voz do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, e à candidata presidencial, Marisa Matias.

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