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Astrónomos descobrem parte da matéria observável do universo

Duas equipas independentes de astrónomos produziram provas conclusivas sobre a existência teórica de lençois de gás intergalático que, no seu conjunto, corresponderia a 30% da matéria bariónica do universo. 
Uma fatia do universo, parte do mapa de galáxias a três dimensões publicado pelo Instituto de Astrofísica Max Planck. Crédito: Daniel Eisenstein and SDSS-III.
Uma fatia do universo, parte do mapa de galáxias a três dimensões publicado pelo Instituto de Astrofísica Max Planck. Crédito: Daniel Eisenstein and SDSS-III.

Para quem não está familiarizado com o assunto, pode ser um choque descobrir que toda a matéria observável corresponde a apenas 5% da matéria total do universo. O restante, calcula-se, será constituído por matéria negra e energia negra, elementos cuja existência teórica ainda não foi possível comprovar. 

Mas mesmo na parte de matéria observável - constituída por matéria bariónica -, até hoje conseguimos registar apenas um décimo do que seria expectável. Isto é conhecido como “o problema do bário perdido”, e várias hipóteses para lhe responder têm sido exploradas ao longo dos anos. 

Uma hipótese em particular defende que, sendo o universo constituído por uma teia de galáxias, os bariões perdidos estariam distribuídos em filamentos gasosos no espaço entre as galáxias. Estes lençóis de gás - conhecidos como warm-hot intergalactic medium [médium intergalático quente-frio], ou Whim - seriam particularmente difusos e difíceis de detectar devido à sua temperatura específica de um milhão de graus celsius, o que não é suficientemente quente para emitir raios x - que seriam facilmente detectáveis - mas também não é suficientemente frio para absorver a luz que passa por eles. 

Agora, duas equipas independentes de cientistas - uma da Universidade de Edimburgo, outra do Instituto do Espaço de Astrofísica de Orsay - produziram provas conclusivas através de observações indiretas, que indicam para a existência de Whim

As equipas sobrepuseram o mapa de radiação cósmica do observatório espacial Planck, e o mapa tridimensional da teia cósmica, do Sloane Digital Sky Survey (na imagem). E encontraram regiões entre as galáxias que aparentam ser seis vezes mais densas que as regiões vizinhas. Quando feitos os cálculos aplicáveis a todo o universo com base nestas observações, estas regiões representariam cerca de 30% da matéria bariónica no universo. 

Não sendo mais do que parte dos 5% da matéria total, não deixa de ser um passo importante para entender a estrutura do universo. 

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