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Associações repudiam notícia sobre os sem abrigos do Funchal

Um grupo de associações critica uma notícia com caráter discriminatório sobre os sem abrigo publicada no “Jornal de Notícias da Madeira”, e exige que a Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) faça cumprir a lei.
Para as associações, a notícia "baseia-se em estereotipos e não ouviu os visados"
Para as associações, a notícia baseia-se em "estereotipos e não ouviu os visados"

Um grupo de associações emitiu um comunicado onde repudia uma notícia, publicada no “Diário de Noticias da Madeira” no passado dia 22, e intitulada “Sem-abrigo mancham cidade turística”, por considerar que esta tem um “caráter profundamente discriminatório” e contribui para "o reforço de uma imagem estereotipada” das pessoas que não têm abrigo.

De acordo com o documento, a notícia fomenta a ideia de que as pessoas sem abrigo “mancham” a imagem da cidade do Funchal, além de “incomodarem os/as madeirenses e os/as estrangeiros/as" sendo por isso uma “vergonha” e um “mau cartaz" para quem visita a cidade.

As associações manifestam ainda a sua indignação pelo facto de o texto publicado naquele jornal caracterizar os sem abrigo como pessoas que, na sua maioria, são “dependentes de álcool” entregando-se à prática da “mendicidade” através de “estratagemas rebuscados para angariar dinheiro”.

Ferir a dignidade dos mais vulneráveis

O comunicado assinala que na notícia são ainda levantadas questões que “atentam contra dignidade das pessoas visadas”, o que faz supor que “o jornalista que assina a peça não as ouviu e assim de forma abusiva permite-se tecer considerações sobre aspetos que se afiguram como especulações e não evidências”.

Refere ainda que perante a forma como a notícia está construída o seu foco não é a “vulnerabilidade” destas pessoas mas antes o “sentimento de desconforto que os sem abrigo parecem causar por existirem e serem visíveis”.

As associações signatárias solicitam ao “Diário de Notícias da Madeira” que “tome uma “posição pública” sobre esta matéria, exigindo também às entidades competentes, nomeadamente à Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) que “atue em conformidade, fazendo cumprir a lei”.

O comunicado é subscrito pela Associação Apuro, Associação Plano i, Associação Projeto Be Equal, Comissão Nacional pela Legalização de Imigrantes, ContraBANDO- Espaço Associativo, Cooperativa WelcomeHome; Instituto Companheiros Emaús, Movimento Uma Vida como a Arte, NÓS. Entre Iguais, Panteras Rosa, Saber Compreender, Precários Inflexíveis, Projeto Identidade, SOS Racismo, Street Store do Porto e Street Store de Braga.

Primeira página da edição de 22 de janeiro do "Diário de Notícias da Madeira
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