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“Artivistas” exigem “fim da política cultural mercantilista”

Durante a performance intitulada "Morrem lentas as urnas onde não cabem os sonhos", liderada pelo artista plástico Rui Mourão, foram tecidas críticas à visão exclusivamente economicista da Cultura do executivo PSD/CDS-PP.

A “performance artivista de protesto”, que teve lugar esta segunda feira no Palácio Nacional da Ajuda, em Lisboa, onde funciona a Secretaria de Estado da Cultura, terminou perto das 18h, depois da entrega de cartas endereçadas ao secretário de Estado da Cultura, ao ministro da Cultura e ao Diretor Geral do Património Cultural.

Segundo Rui Mourão, são avançadas várias propostas nestes documentos, entre as quais a afetação de “1% [do Orçamento do Estado] para a Cultura, como recomenda a UNESCO, a gratuitidade todos os domingos nas entradas no Museus, e preços mais reduzidos nos outros dias”.

Os signatários exigem ainda “o fim da política cultural mercantilista que está a ser aplicada, baseada nessa visão exclusivamente economicista em que se passou a avaliar os museus pelo valor das suas receitas (de bilheteira, lojas, aluguer de espaços, etc.), dependendo disso os futuros orçamentos anuais de cada museu, e a reposição do Ministério da Cultura”.

O artista plástico Rui Mourão, que já promoveu iniciativas semelhantes no Museu do Chiado e no Museu Nacional de Arte Antiga, garantiu que tem recebido “diversos apoios de outros artistas, alguns até que emigraram e também grupos artísticos”.

A “performance artivista de protesto” reuniu cerca de 30 pessoas que caminharam no pátio central do Palácio da Ajuda lendo, em jeito de recitação, autores como Almada Negreiros, Fernando Pessoa, Luís de Camões, António Gedeão, Herberto Hélder e Miguel Torga, entre outros.

Quatro dos “performers”, envergando uma máscara de uma cabeça de porco, em representação do poder, davam ordens aos restantes participantes, agredindo-os e obrigando-os a formar o símbolo do euro, “demonstrando que para o poder a Cultura é apenas euros”, explicou Rui Mourão.

“Tem de haver mais poesia, não pode ser só a lógica economicista do dinheiro. A arte não pode ser vista apenas na perspetiva de sacar dinheiro”, defendeu o artista plástico.

A performance incluiu ainda um “drone” manipulado por um dos intervenientes, que filmou toda a coreografia.

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