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Alemanha vence o impasse com FMI: reestruturação da dívida grega adiada novamente

Segundo declarações à AFP de Jeroen Dijsselbloem, presidente do Eurogrupo, o acordo alcançado prevê um alívio da dívida que “será implementado no final do programa, condicionado à implementação bem sucedida [do programa de resgate]”.
Euclides Tsakalotos, Pierre Moscovici e Joren Diejsselbloem. Fonte: A l'encontre.
Euclides Tsakalotos, Pierre Moscovici e Joren Diejsselbloem. Fonte: A l'encontre.

O Eurogrupo chegou a um acordo com o FMI para desbloquear o pagamento de 8,5 mil milhões de euros que faziam parte do terceiro memorando de resgate à Grécia - com um valor total de 86 mil milhões de euros - necessários para aquele país pagar os 7 mil milhões de serviço de dívida de julho. 

O impasse mantinha-se desde o início do ano, com a Alemanha a exigir novas medidas de austeridade à Grécia no valor de 2% do PIB (nomeadamente um novo corte de pensões e descida de impostos para rendimentos superiores a 30 mil euros/ano), medidas que o governo grego aprovou em maio com a promessa de o eurogrupo lançar o início do processo de alívio da dívida grega. 

Por outro lado, o Fundo Monetário Internacional recusava-se a participar no atual programa de resgate à Grécia, argumentando ser necessário um alívio da dívida para níveis sustentáveis, algo que tem sido determinantemente rejeitado pelo ministro das finanças alemão, Wolfgang Schäuble que, simultaneamente, insistia na participação do FMI no resgate.

Face ao impasse, e perante a hipótese de incumprimento perante os pagamentos de julho, o FMI aceitou participar no programa de resgate sem garantias de alívio da dívida grega, alterando a sua posição por completo. 

Segundo declarações à AFP de Jeroen Dijsselbloem, presidente do Eurogrupo, o acordo alcançado prevê um alívio da dívida que “será implementado no final do programa, condicionada à implementação bem sucedida [do programa]”. Ou seja, o alívio da dívida grega será discutido apenas após a aplicação das atuais medidas de austeridade, e depois das eleições alemãs marcadas para setembro.

Antes da reunião do Eurogrupo, Wolfgang Schäuble afirmava que “se o alívio da dívida grega for considerado desnecessário, nós não precisaremos dele”.  

O ministro das finanças de Portugal, Mário Centeno, considerou que a reunião "correu bem para todos na área do euro, porque houve um avanço muito construtivo no processo grego". E saudou o "avanço muito claro nas autorizações que vão ser dadas nas próximas semanas para também o programa grego evoluir, com mais um pagamento à Grécia e, posteriormente, evolução também na análise da sustentabilidade da dívida grega, para que o acordo que foi alcançado em maio de 2016 possa ser cumprido na sua integralidade".

Centeno considerou que o acordo de hoje é o corolário da "evolução muito positiva dos compromissos que o governo grego tem assumido e tem concretizado em termos de alterações estruturais, de reformas, de reafirmação de reformas que têm sido feitas".

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