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Aeroportos e TAP podem ser entregues à Alemanha

Os trabalhadores da empresa responsável pelo controlo de voos estão novamente em greve contra a privatização da ANA e da TAP e o incumprimento do Acordo de Empresa. A imprensa aponta as empresas alemãs Lufthansa e Fraport como as futuras donas do espaço aéreo português.
Foto iPhil Photos/Flickr

Segundo o Jornal de Negócios, a companhia aérea Lufthansa e a empresa de gestão de aeroportos Fraport já iniciaram contactos para uma candidatura conjunta às privatizações anunciadas pelo governo da troika. O mesmo jornal sublinha a intenção de Passos Coelho de vender a TAP e a ANA ao mesmo país, neste caso à Alemanha.

Esta quarta-feira, o líder da Lufthansa deu uma entrevista ao Financial Times em que pela primeira vez admitiu a intenção de adquirir a TAP, ao dizer que "é uma das maiores companhias aéreas que gere a porta de entrada para a América Latina e essa é claramente uma boa razão para, pelo menos, ouvir se os nossos amigos ligarem". As palavras de Christoph Franz enquadram-se na estratégia do grupo de desafiar o grupo IAG, que detém uma quota de 24% no mercado da América Latina, enquanto a Lufthansa dispõe de 10%, ou seja, abaixo dos 10% que a TAP detém.

Ainda segundo o Jornal de Negócios, a Lufthansa registou perdas de 13 milhões de euros no ano passado e já anunciou o despedimento de 3500 trabalhadores para reduzir custos administrativos, o que faz antever um futuro sombrio para quem trabalha na transportadora aérea portuguesa se for entregue pelo Governo à empresa alemã.

É justamente contra a anunciada privatização das empresas estruturantes do setor aéreo português que os trabalhadores agendaram nova greve esta quinta e sexta feira, com uma adesão que já ronda os 100%. Tal como sucedeu na semana passada, estão previstas centenas de cancelamentos e adiamentos de voos de todas as companhias com partida ou destino nos aeroportos portugueses.

A paralisação abrange todos os estabelecimentos da NAV Portugal, o grupo ANA, a ANAM - Aeroporto da Madeira, a Portway, o grupo TAP, as lojas francas, a UCS - Cuidados Integrados de Saúde, a PGA, a Megassis (empresa de engenharia informática do grupo TAP), a SATA Açores, a SATA Internacional e a SATA Gestão de Aeródromos.

No pré-aviso de greve entregue pelo SITAVA, pode ler-se que a privatização da ANA e da TAP irá representar uma "perda directa de receitas para os cofres do Estado, o risco de extinção de centenas ou mesmo milhares de postos de trabalho, bem como o facto de tornar o país em geral ainda mais periférico".

O sindicato estima em 50 mil o número de postos de trabalho diretos e indiretos que podem vir a ser destruídos pela privatização, "com todos os encargos para a Segurança Social que tal implica, tendo em conta o drama principal que se traduz na perda do posto de trabalho, que numa economia em recessão será equivalente a uma pena capital".

Outra razão para a paralisação é o não cumprimento dos Acordos de Empresa assinados com os trabalhadores, que significou um "esbulho dos rendimentos, designadamente o subsídio de férias, o subsidio de Natal, o trabalho suplementar, as anuidades/ diuturnidades e a suspensão das evoluções", com um prejuízo para os trabalhadores e para o Estado que dizem rondar os 75 milhões de euros nos próximos três anos só na NAV, "sendo que as empresas não dependem do orçamento do Estado apenas por serem do sector empresarial público".

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