…que lata pedir voto útil à esquerda!

Negando perante os seus camaradas de partido reunidos no XVII Congresso em Matosinhos, qualquer responsabilidade no agravamento das medidas recessivas que têm vindo a ser aplicadas pelo governo do PS com e sem maioria, e que agora serão aprofundadas ainda mais dolorosamente para a economia e os portugueses com o pedido de resgate a Bruxelas. José Sócrates vem agora pedir o voto útil à esquerda. Sócrates propõe-se ir a votos no dia 5 de Junho para demonstrar ao capital, que acabou por o deixar cair contrariando-lhe a estratégica política na auto-gestão da crise, que tem a experiência que falta a Passos Coelho para continuar a servir com maiores garantias a execução das políticas liberais.

Que credibilidade pode ter um tal apelo tão cínico à esquerda, quando foi exactamente contra as políticas de esquerda que os governos de Sócrates mais violentamente apontaram as suas baterias, desmembrando em função dos interesses do capital, sectores fundamentais do estado social e proporcionando negócios chorudos aos grupos económicos que mandam no país através das ruinosas parcerias público privadas (PPP), que os arrufos entre os pretendentes da direita ao poder não questionam e Bruxelas também não.

É preciso ter lata para pedir voto útil à esquerda, com o argumento falacioso de que o PS poderá travar a agenda liberal da direita, quando Sócrates escancarou todas as portas à especulação financeira à custa de redobrados sacrifícios para os mais fracos e predispõe-se a prosseguir o caminho de servir fielmente os interesses económicos. Fragilizou serviços púbicos, como saúde ou educação. Atacou direito sociais e é responsável pela austeridade que origina medo nas relações de trabalho, reinando a precariedade e o flagelo do aumento do desemprego.

Artigo de José Lopes (Ovar)