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“O país real não cabe nos relatórios da ministra”

A propósito dos números do défice de 2013, a eurodeputada Marisa Matias acusa a ministra das Finanças de querer “transformar num sucesso aquilo que continua a ser um fracasso”.
Para Marisa Matias, o crescimento do serviço da dívida torna as contas públicas insustentáveis. Foto connect.euranet/Flickr

A ministra das Finanças anunciou um défice que não passa de “uma operação contabilística” para satisfazer a troika e Bruxelas mas que não traduz qualquer “desafogo das contas públicas” portuguesas e pretende “transformar num sucesso aquilo que continua a ser um fracasso”, denunciou Marisa Matias a propósito dos últimos resultados apresentados pelo governo.

O défice em torno dos 5,1% divulgado por Maria Albuquerque, ajustado para ficar abaixo das metas da troika, não representa “qualquer alteração de fundo” na estrutura das contas públicas”, explicou a eurodeputada do Bloco de Esquerda aos microfones da Antena 1, no programa Conselho Superior. O valor apresentado resulta essencialmente de duas vertentes: “o brutal aumento de impostos sobre o trabalho e as pensões” e uma operação extraordinária realizada no fim do ano através do perdão das dívidas ao fisco e à segurança social. Esta manobra corresponde, afirma Marisa Matias, a cerca de 0,8% do PIB, pelo que o défice real será de 5,9%, portanto acima das metas da troika.

“É triste que o país real não caiba nos relatórios que o governo apresenta nas televisões e às instituições de Bruxelas”, lamentou a eurodeputada.

O que se passou na realidade, acrescentou, foi que as receitas do Estado aumentaram à custa das subidas dos impostos sobre o trabalho e as pensões e da operação de perdão fiscal, que nada tem de estrutural, é válida apenas para o ano em causa.

As despesas do Estado também aumentaram, “gastou-se mais que no ano anterior”, sublinha Marisa Matias, devido sobretudo ao crescimento do serviço da dívida, “que continua insustentável, e a transferências no sector da saúde”.

Assim sendo, concluiu a eurodeputada, não existe qualquer êxito no combate ao défice; “estamos sim perante a continuação da transferência de dinheiro do trabalho e das pensões para o sector financeiro”.


Artigo publicado no portal do Bloco no Parlamento Europeu.

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