Mudança política em Espanha

Espanha atravessa uma profunda mudança política. Os Indignados e as múltiplas ações de protesto contra as políticas de austeridade chegaram à vida política, com o fim do bipartidarismo e a emergência de novas forças políticas e da cidadania ativa. As eleições municipais e autonómicas de 24 de maio mostraram o caminho dessa mudança. Dossier organizado por Carlos Santos

28 de maio 2015 - 9:45
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Neste dossier, apontam-se traços importantes dos resultados das eleições autonómicas e municipais e apresenta-se uma primeira análise geral dos resultados. Publicamos também um artigo sobre quem é Manuela Carmena e o que quer para Madrid.

Republicamos ainda reflexões de uma jornada histórica de Pablo Iglesias, a perspetiva de Esther Vivas sobre a mudança em Barcelona e um texto sobre a vitória do Bloco Nacionalista Galego em Pontevedra.

A mudança deverá prosseguir nas próximas eleições autonómicas na Catalunha, em setembro de 2015, preparando-se as eleições legislativas, que terão lugar antes do fim do ano, tendo como data limite o dia 20 de dezembro de 2015.

A mudança a caminho na sociedade espanhola tem como pano de fundo a profunda indignação da maioria da população espanhola contra as políticas de austeridade, impostas pelo atual governo do PP, pelo anterior do PSOE e pela troika. A mudança reflete também um profundo mal-estar contra o anquilosado quadro político e constitucional saído da chamada transição, do qual saiu o bipartidarismo. A revolta é simultaneamente contra as políticas de austeridade e contra o regime do bipartidarismo, que nos últimos anos mostrou a corrupção.

O mais importante é, no entanto, a emergência de novas forças políticas – o Podemos – e o surgimento no cenário político de uma cidadania ativa. O poderoso movimento, que em 2011 ocupou as ruas das principais cidades de Espanha, ressurge na cidadania ativa que luta pela mudança política.

E, simultaneamente, a mudança é política e social. A continuidade da mudança está na cidadania ativa, construindo candidaturas políticas de unidade popular. Mas poderá e deverá estar também nas lutas sociais, que prosseguem em toda a Espanha. Do reforço e desenvolvimento dessa luta está dependente a ampliação da adesão popular à mudança e à capacidade de ganhar a maioria para derrotar o PP e abrir o caminho para varrer a política austeritária.

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