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Turquia: Jornalistas condenados por denunciarem entrega de armas ao Estado Islâmico

Erdem Gul e Can Dundar foram condenados a cinco anos de prisão pelo crime de “divulgação de segredos de Estado”. "Vão pagar caro”, garantiu o presidente turco aquando da publicação da reportagem dos dois jornalistas, que denunciava que os serviços secretos turcos entregaram armas aos jihadistas na Síria.

Can Dundar e Erdem Gül, respetivamente o diretor e o responsável pela delegação em Ancara do jornal Cumhuriyet, foram acusados em novembro de “espionagem” e “divulgação de segredos de Estado”.

Numa reportagem publicada em maio de 2015, os dois proeminentes jornalistas relataram que, em janeiro de 2014, os serviços secretos turcos utilizaram um comboio de camiões para transportar armas para os jihadistas na Síria.

Dundar e Gül divulgaram, inclusive, um vídeo que mostrava a polícia turca a encontrar caixas com armas e munições nos camiões, escondidas por baixo de medicamentos.

O presidente turco apresentou pessoalmente queixa contra Can Dundar, afirmando que o jornalista iria “pagar caro”.

"Quem escreveu essa história vai pagar um preço alto por isso. Eu não vou deixá-lo impune", garantiu Erdogan.

Chegou a ser pedida a prisão perpétua para os dois jornalistas, contudo, o tribunal turco acabou por absolvê-los da acusação mais grave de espionagem, condenando Erdem Gul a cinco anos de prisão e Can Dundar a cinco anos e 10 meses pelo crime de “divulgação de segredos de Estado”. Pouco antes do veredicto, um homem armado tentou matar Dundar, ferindo um dos jornalistas presentes.

O processo contra os dois jornalistas tem vindo a ser alvo de duras criticas por parte de observadores internacionais, organizações de defesa dos direitos humanos e de jornalistas de vários países.

Em novembro de 2015, Dundar foi agraciado com o Prémio para a Liberdade de Imprensa dos Repórteres Sem Fronteiras (RSF) e da TV5 Monde, em Estrasburgo. Na cerimónia, os RSF e a TV5 afirmaram que Dundar estava a ser alvo de “perseguição política”, sublinhando que se estes jornalistas fossem presos, seria “uma prova suplementar de que o poder turco está pronto a usar métodos de outros tempos para extinguir o jornalismo independente na Turquia”.

 

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