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Espanha: Unidos Podemos não ultrapassa PSOE

Nas eleições em Espanha, o PP continua a ser o partido mais votado e aumenta o número de mandatos, mas a direita não tem maioria absoluta. O PSOE continua em segundo e o Unidos Podemos sobe ligeiramente. Marisa Matias escreve de Madrid: “O que a Esquerda espanhola fez nos últimos dois anos é absolutamente incrível, mas os resultados de hoje irão saber a desilusão”.
Concentração do Unidos Podemos, Madrid, 26 de junho de 2016 - Foto de Luca Piergiovanni/Epa/Lusa

PP sobe

Nas eleições deste domingo, 26 de junho de 2016, em Espanha o PP de Mariano Rajoy sai reforçado, em relação às de 20 de dezembro passado, o PSOE resiste, enquanto o Ciudadanos perde 8 mandatos e quase 400 mil votos. A candidatura Unidos Podemos obtém o mesmo número de mandatos que há seis meses tinham obtido o conjunto das candidaturas de Podemos, confluências e Izquierda Unida, mas perde mais de um milhão de votos.

O PP elege 137 deputados, o PSOE 85, a candidatura Unidos Podemos 71 e Ciudadanos 32.

Nas eleições de 20 de dezembro passado, o PP obteve 123 mandatos, o PSOE 90, Podemos mais Izquierda Unida 71 e Ciudadanos 40. Nestas eleições, em relação às de 2015, a abstenção subiu de 26,8% para 30,16%.

Com estes resultados o quadro político não é, de fundo, alterado, e a dificuldade em constituir governo mantém-se, apesar do PP sair reforçado. A direita (PP e Ciudadanos) não tem maioria absoluta e só poderá constituir governo se o PSOE a apoiar. O PSOE consegue resistir, mas não sai reforçado destas eleições. A sua aliança com o Ciudadanos e a recusa a constituir governo com apoio do Podemos poderão manter-se, prolongando o impasse político. Os problemas de fundo do apoio do PSOE ao atual quadro constitucional e da relação do Estado espanhol com as nacionalidades, nomeadamente com a Catalunha, dificultam ainda mais uma alternativa governamental às políticas de austeridade.

Com 99,98% dos votos apurados o quadro geral de resultados, em comparação com 20 de dezembro é o seguinte:

   

26J

   

20D

 
 

Mandatos

Votos

%

Mandatos

Votos

%

PP

137

7.903.928

33,03%

123

7.215.530

28,72%

PSOE

85

5.423.644

22,67%

90

5.530.693

22,01%

Unidos Podemos

71

5.048.570

21,10%

71

6.112.438

24,33%

Ciudadanos

32

3.122.853

13,05%

40

3.500.446

13,93%

ERC

9

629.294

2,63%

9

599.289

2,39%

CDC

8

481.839

2,01%

8

565.501

2,25%

PNV

5

286.215

1,20%

6

301.585

1,20%

EH-Bildu

2

184.092

0,77%

2

218.467

0,87%

CCA-PNC

1

77.907

0,33%

1

81.750

0,33%

 

350

   

350

   

(ERC – Esquerda Republicana Catalã, CDC – Convergência da Catalunha, PNV – Partido Nacionalista Basco, EH-Bildu do País Basco e CCA-PNC das Ilhas Canárias).

Pablo Iglesias: “Privilegiar o diálogo entre as forças progressistas”

Os resultados da candidatura Unidos Podemos constituíram uma deceção, pois mantiveram o número de mandatos, mas perderam mais de um milhão de votos e não superaram o PSOE, como todas as sondagens previam.

Na intervenção na noite eleitoral, Pablo Iglesias afirmou: “O que fizemos em dois anos é histórico, mas esperávamos resultados diferentes. Os resultados surpreenderam-nos a todos”.

O líder do Podemos mostrou-se “preocupado porque o PP e o bloco conservador aumentaram os seus apoios” e apontou: “É o momento de refletir e privilegiar o diálogo entre as forças progressistas”.

A candidatura Unidos Podemos obteve uma vitória no País Basco, onde se tornou o partido mais votado, obtendo 6 mandatos e superando o PNV, que obteve 5 mandatos. Na Catalunha, a candidatura En Comú voltou a ser a mais votada, elegendo 12 deputados e na Comunidade Valenciana a candidatura Compromís, Podemos e EUPV obteve de novo 9 mandatos. Na Galiza, a candidatura Em Marea perdeu um deputado (elegendo 5).

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