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Chomsky: A Europa é hoje uma das maiores vítimas do neoliberalismo

Para o académico e ativista norte-americano, o Syriza e o Podemos são partidos que se levantam "contra o assalto neoliberal que está a estrangular e destroçar os países periféricos".
Noam Chomsky: “O capitalismo é intrinsecamente sádico". Foto de Andrew Rusk
Noam Chomsky: “O capitalismo é intrinsecamente sádico". Foto de Andrew Rusk

“A Europa é hoje uma das maiores vítimas” das políticas neoliberais que começaram a ser aplicadas no final dos anos 70 e começaram com Ronald Reagan e Margaret Thatcher, afirmou o linguista norte-americano Noam Chomsky.

Durante uma entrevista ao CTXT, o filósofo sustentou que as medidas de austeridade implantadas na região “estão a desmantelar o Estado Social e a debilitar os trabalhadores para aumentar o poder dos ricos e dos privilegiados”.

“É delirante a forma como a troika está a tomar decisões na Europa. Pode-se qualificar como delirante se forem levadas em conta as consequências humanas, mas do ponto de vista dos que definem a política não é delirante, para eles é fantástico. Estão mais ricos e poderosos que nunca, e estão a acabar com o inimigo, que é a população em geral”, assinalou o ativista político.

"Um mundo sem regras no qual os poderosos fazem o que querem. E, onde, milagrosamente, tudo sai à perfeição. É interessante comprovar como Adam Smith propôs isto na famosa expressão 'mão invisível'. Agora vemos que, quando o capital deixa de ter restrições, particularmente os mercados financeiros, tudo salta pelos ares. É com isso que se confronta hoje a Europa", sustentou o professor emérito de Linguística no Instituto Tecnológico de Massachusetts (MIT).

“O capitalismo é intrinsecamente sádico; de facto, Adam Smith reconheceu que quando tem rédea solta e fica livre de amarras externas, a sua natureza sádica manifesta-se porque é intrinsecamente selvagem. O que é o capitalismo? Maximizar os seus benefícios à custa do resto do mundo”, explicou o filósofo norte-americano.

O autor de “Os guardiões da liberdade” vê a América Latina como um exemplo de resistência diante da "invasão neoliberal". "Durante 500 anos, a América do Sul sofreu o domínio das potências imperiais ocidentais, a última delas, os EUA. Mas nos últimos 10 ou 15 anos começou a romper com isso", refere.

Chomsky considerou que o Syriza, liderado por Alexis Tsipiras, é um partido de esquerda "para os padrões atuais" mas que, pelo contrário, o seu programa não o é. "É um partido antineoliberal; não exigem que os trabalhadores controlem a indústria".

"E isto não é uma crítica, acho que é positivo. E o mesmo ocorre com o Podemos: são partidos que se levantam contra o assalto neoliberal que está a estrangular e destroçar os países periféricos", acrescentou.

8 de Fevereiro 2015

Publicado em RPP Notícias

Tradução de Luis Leiria para o Esquerda.net

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