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Centenas de peixes morreram devido a testes de descarga no Vale do Gaio

A entrada de água fresca na albufeira da barragem do Vale do Gaio levou os peixes a nadar na direção da corrente e no momento em que as as comportas de descarga foram encerradas, ficaram a seco e morreram.

À saída do sistema adutor que passou, recentemente, a transportar água proveniente da barragem de Alqueva para a albufeira da barragem de Vale de Gaio, em Alcácer do Sal, centenas de peixes mortos emanavam um “cheiro pestilento” no chamado pego do Moirão, disse ao jornal Público, Jorge Mendes que reside naquela zona. O problema terá tido origem, segundo o jornal, num teste efectuado de forma errada e que deixou os animais sem água.

José Pedro Salema, presidente da Empresa de Desenvolvimento e Infraestruturas do Alqueva (EDIA), explicou ao jornal que “a operação de reforço de água na albufeira de Vale de Gaio foi feita “em modo de teste numa altura do ano que não é a mais adequada, uma vez que já está a decorrer a campanha de rega”.

“Normalmente, o reforço das albufeiras deverá ocorrer quando termina a época das chuvas. A EDIA correspondeu a uma solicitação da Associação de Regantes e Beneficiários do Vale do Sado (ARBVS) que, no final de abril, “pediu o reforço” do caudal da albufeira, por não estarem garantidos os débitos necessários para fornecer àgua para a campanha de rega”, sublinhou José Pedro Salema.

Perante este facto, os serviços técnicos da EDIA foram forçados a realizar ensaios de carga no sistema adutor, que estão a ter lugar há cerca de 20 dias e vão continuar “até atingir a pressão que sirva a todos os agricultores que se encontram a montante da albufeira”, referiu o responsável da EDIA.

De acordo com o Público, a procura deste equilíbrio “impôs descargas com diferentes volumes de água” e até “cortes” nas afluências a Vale de Gaio.

Assim, a entrada de água numa albufeira que "registava níveis muito baixos de armazenamento levou os peixes  a nadarem em direcção à corrente de água fresca, com mais oxigénio, mas que não tinha uma altura superior a 30 centímetros tendo-se metido num beco sem saída”, disse ainda Pedro Salema, tendo acrescentado que “quando as comportas do descarregador encerraram, os cardumes ficaram encurralados e a seco.”

Para limpar a zona onde se acumulam os peixes mortos foi necessário colocar o débito de água no mínimo, uma operação que está a ser efectuada por funcionários da associação de regantes. “Não estamos perante um desastre ambiental”, sustenta Pedro Salema, frisando que dadas as características das albufeiras alentejanas, onde prevalece um elevado volume de peixe, “até pode visto como um bem o que aconteceu.”

O Público noticia ainda que fez várias tentativas para obter esclarecimentos de dirigentes da associação de regantes, mas teve a informação de que estão “todos na operação de limpeza” dos peixes mortos no Vale do Gaio, e por essa razão não conseguiu obter esclarecimentos adicionais.

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